recém-mamães: "_Ôh vida dura!"

Pessoas lindas, aproveitando esse cheirinho de maternidade no ar, já que nossa querida Nany deu a luz a poucos dias, viemos trazer esse delicado "post" pras recém-mamães.
O nascimento de um bebê traz consigo a renovação das esperanças, a possibilidade de uma vida mais significativa, e as pessoas, de forma geral, tendem a deixar de lado as dificuldades envolvidas no puerpério. Em muitos casos, as recém-mamães se sentem desamparadas, deprimidas, não sabem como administrar o novo momento de suas vidas, vivenciando um período de angústias e tristezas. Ao lado disso, ainda se sentem culpadas, pois deveriam estar felizes e agradecidas, mas na realidade podem pensar em como suas vidas estavam adaptadas antes de serem mães.  Sentir-se assim é mais comum do que se imagina nos primeiros meses após o parto.
A primeira angústia que surge é quanto ao aleitamento, se terá leite suficiente ou mesmo se o bebê aceitará a amamentação. Tais perguntas escondem a real preocupação que é a possibilidade de falhar como mãe, pois a maternidade é, agora, um fato consumado. Dessa maneira a permanência no hospital é sentida como apaziguadora, no sentido que proporciona à puérpera e seu filho toda a assistência e cuidados de que necessitam.
Mas chega o dia da alta hospitalar e, com ela, o retorno ao lar. O medo de assumir sozinha as responsabilidades para com o bebê, aumenta a insegurança materna. Além disso, as atenções especiais, as comemorações e visitas começam a diminuir, enquanto que as obrigações assumem proporções imensas. Novamente se intensificam as angústias quanto à maternidade. O medo de não corresponder à figura de mãe idealizada une-se ao temor de não saber cuidar do bebê.
Os primeiros dez dias do pós-parto são os piores. Com os seios inchados e doloridos e ainda sentindo dores se o parto foi cesárea ou mesmo normal, o próprio estresse físico e emocional do trabalho do parto, a perda do ninho protetor que era o hospital, o não reconhecimento do próprio corpo, os deveres que a esperam, sem saber se dará conta, sua vida pessoal e profissional, tudo isso contribui para o aparecimento do baby blues ou depressão pós-parto. Neste momento, torna-se fundamentalmente necessário o apoio familiar e de amigos, que auxiliem e estimulem a recém-mamãe a exercer suas atividades maternas, revezando-as com ela, para que também possa descansar.
O confronto com o corpo atual é um aspecto difícil a ser superado, pois já havia se acostumado com a imagem do corpo grávido. Embora vazio, não o reconhece como sendo o mesmo anterior à gravidez e em nenhum outro momento de sua vida. A abstinência sexual vem fortalecer o sentido de fealdade na mulher, de perda da sensualidade e do poder de sedução e que a leva, muitas vezes, a suspeitar da fidelidade do companheiro.
Outra grande angústia materna é o compartilhar do bebê com outras pessoas, inclusive com o próprio pai da criança, pois enquanto grávida tinha exclusividade na relação com ele, que era sentido como apenas seu.
Muitas mulheres sentem-se desapontadas com seus companheiros, por acharem que não estão recebendo o apoio e carinho esperados, como também, por senti-los indiferentes ao bebê. Cabe aqui ressaltar que, por ser a mulher a fonte geradora, o vínculo entre ela e o bebê vai se estabelecendo com o decorrer da gestação. O vínculo entre pai e bebê forma-se de maneira mais lenta, também porque de início, o filho é percebido como um grande rival, pois mobiliza todas as atenções e cuidados de sua companheira. Assim, muitos pais estarão se sentindo abandonados e necessitados de apoio e conforto, pois também se encontram angustiados e atemorizados quanto ao presente e futuro e se perguntando se serão capazes de prover e proteger a nova família. Muitos também apresentam dificuldade em reassumir a vida sexual ativa com medo de machucar a mulher ou por perceber o quanto se sente cansada e confusa com as novas responsabilidades, ou mesmo por estarem com ciúmes e inveja da íntima relação mãe-bebê, principalmente no momento da amamentação, quando se sentem excluídos da relação.
Decididamente, o pós-parto é um período muito delicado, porém riquíssimo em aprendizagens. Pais e filhos estarão exercendo a capacidade de se conhecer e de se reconhecer como família. Para tanto, faz-se necessário o principal aprendizado que é o sentido de doação, ou seja, que os pais doem a seu filho um lugar físico e psicológico, que antes era só deles, para que se sinta pertencente e acolhido emocionalmente pela própria família que o concebeu.

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